"O Espelho e os Óculos da Psicanálise
Quando se começa a fazer análise, ganha-se duas coisas: um espelho e um par de óculos.
Primeiro você aprende a usar o espelho. Este é um espelho diferente, quase mágico, pois permite que sua visão viaje para
além da aparência externa.
E quando se começa a aprender a manejar esse espelho, é possível enxergar os sentimentos e emoções mais profundas, os pensamentos e desejos mais escondidos...
É um espelho que esquadrinha tudo, pois quebra a barreira do inconsciente e pouco a pouco invade os recôncavos mais complexos da alma.
E então aprende-se a fazer uso dos óculos, pois a visão conquistada até agora é nublada e turva.
Tais óculos servem para ajudar a enxergar o que normalmente não se vê a olho nu.
Rostos são máscaras que usamos no dia a dia. Máscaras que disfarçam e escondem. Com os óculos da psicanálise somos levados a ver o que existe nas profundezas da psiquê.
Os óculos da psicanálise possuem graus diferentes e vai-se adaptando-os de acordo com a necessidade de ver!
Quanto mais você os usa, melhor você enxerga e mais consciente você se torna.
Ora ou outra, enxerga-se coisas desagradáves e até indesejáveis. Mas o fato de serem indesejáveis não significa que não é preciso enxergá-las. Para que a limpeza ocorra é preciso saber onde está a sujeira.
Mas os óculos da psicanálise não mostram apenas manchas, mostram também onde se encontram os apetrechos necessários para realizar a limpeza.
Mostram também que a sujeira é subjetiva e que por detrás de cada mancha há uma bela superfície esperando para ser utilizada de forma nunca antes imaginada."
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